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Opinião: Da Aldeia de Degolados, por Francisco Galego


Os dados documentais conhecidos apontam, para uma época não muito remota, a formação da população a que foi atribuído o nome de Degolados.
Há bastantes vestígios de ocupação na época romana, nomeadamente os restos de um troço da rede viária que ligava Lisboa a Mérida, passando por Santarém, Ponte de Sor, Alter Pedroso, Assumar, Arronches, Ad Septem Aras (no sítio da actual Ermida de S. Pedro, em Campo Maior) e Enxara (próximo de Ouguela); há também alguns vestígios do povoamento romano que se fazia com as villae que deram, séculos depois, origem aos montes e respectivas herdades.
Um dos índícios da tardia constituição de uma povoação neste local é a total ausência de vestígios de estruturas defensivas em volta da aldeia, situação difícil de entender em tempos mais recuados, sobretudo numa região de fronteira que foi tão fustigada pela Guerra da Restaução da Independência (1640-1668).
Um dos documentos mais antigos que se conhecem é uma “carta de doação” de 1225 que, sem dar nota da existência de qualquer povoação, refere existir nesta localização, um “arroyo que disen dos Degolados”.
Dois documentos da 1ª metade do séc. XVI fazem referência a esta localização: num testamento de 1538, trata-se de “uma herdade do termo de Arronches que se chama da Contenda e dos Degolados” e uma procuração de 1557 destina-se a “demandar os lavradores da herdade dos Degolados, situada no concelho de Arronches”.
Alguns dos mais antigos documentos, são registos de baptismo da segunda metade do século XVII e dão testemunho de que já estava formada a Freguesia de Nª Sª da Graça dos Degolados, embora não estivesse ainda provida de prior próprio e estando em ruína a sua igreja, situação que é referida também em registos de óbito de 1712 e 1717 nos quais consta que os enterramentos eram efectuados nas freguesias vizinhas por a igreja de Degolados “não estar ainda consertada”.
Só a partir do séc. XVIII começou a verificar-se um desenvolvimento mais contínuo, devido à extensão das culturas cerealíferas que atraíam mão de obra vinda de outras povoações para trabalhar nas grandes herdades que cercavam a aldeia.
Na “Memória Paroquial da freguesia de Nossa Senhora dos Degolados, comarca de Portalegre” [ANTT, Memórias Paroquiais, vol. 13, nº 9, pp. 55 a 56], refere-se que:
- Em 1758 existiam 42 habitações e a povoação resumia-se ainda ao agregado de casas a oeste da Igreja.
- O Terramoto do ano de 1755 não causou ruína notável, mais que algumas rachas nas paredes da Igreja e telhados e está tudo reparado.
Em 1798, o censo de Pina Manique indicava já 61 fogos, cerca de 250 habitantes, na povoação de Degolados.
Em 5 de Abril de 1803 a Igreja de Nª Sª da Graça dos Degolados recebeu, por Breve do Papa Pio VII, o privilégio de na sua igreja se poder celebrar missa. 
O início do século XIX não foi favorável para o desenvolvimento da freguesia por causa da Guerra Peninsular (1808-1814). Parte da população teve de refugiar-se nas povoações amuralhadas mais próximas para escapar à destruição provocada pelos exércitos constituídos por espanhóis e franceses.
No ano de 1825, a igreja local foi reparada.
A partir de 1825, o povoado começou a estender-se para a parte leste da igreja. Começou a nascer a chamada Aldeia Nova, nova área urbana nos terrenos que ficavam entre a igreja e a actual Estrada Nacional.
A freguesia de Degolados foi primeiramente integrada no concelho de Arronches. Só mudou para o concelho de Campo Maior a 6 de Dezembro de 1926.

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