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O Palácio de Olivã (ou do "Visconde")

O actual Palácio Olivã, é certamente uma das mais nobres casas e, provavelmente, uma das de mais antiga construção em Campo Maior, por ser uma das que conseguiu sobreviver à grande tragédia de 1732, em que, do rebentamento do paiol da pólvora resultou a quase total destruição do casario desta vila raiana.
Na sua Galeria de Figuras, publicada nos anos 50 do século passado, João Pessoa escreve sobre D. Manuel de Menezes, natural de Campo Maior, cronista-mor do reino e com uma carreira começada ao lado do Prior do Crato e que terminou com a prestação de honrosos serviços no Oriente já sob o governo dos Filipes, o seguinte:

Encontrava-se no seu paço de Campo Maior, então cercado de vasta quinta (Casa do Barata), preocupado com o estudo e afastado das lides oficiais, quando em 1625, o nomearam General da Armada, para comandar a esquadra de vinte e seis navios guarnecidos por 24.000 homens, com a qual foi restaurar a cidade da Baía, usurpada pelos holandeses.

Este texto permite tirar algumas ilações importantes sobre o actua Palácio Olivã:
- Tendo os Menezes ocupado a função de governadores de Campo Maior, daí resulta que a sua residência fosse referida como o paço;
- Assim sendo, o nome da rua onde o palácio se localiza, não adveio de nela se localizar um "passo" processional, mas de ter sido a rua da residência do governador.

Estêvão da Gama de Moura e Azevedo, governador de Campo Maior no século XVIII, refere-se a mesmo palácio do seguinte modo:
(Estas casas) são de D. João de Aguilar Mexia, no Terreiro das Estalagens, com oito janelas e outras tantas baixas. Tem dentro uma horta com muitas árvores, uma fonte com a mesma água que vem à que tem públicas o Povo. Nelas se tem acomodado o Sr. Infante D. Francisco, as três vezes que tem vindo a esta praça. Nestas mesmas casas se fez aposentadoria para S. Majestade D. João V), que Deus guarde, o ano de 1716, de que não usou, porque vindo no dia doze de Novembro a esta praça voltou no mesmo a Elvas, por causa da chuva que sobreveio.
- Por este texto se pode concluir que, no início do Século XVIII, o palácio seria senão a mais nobre, uma das mais nobres casas de Campo Maior.

No século XIX o actual Palácio Olivã foi adquirido por um tal José Vitorino Machado, natural de Olivença. O qual, através do comércio conseguiu enriquecer, tornando-se grande proprietário e chegando mesmo a ocupar cargos elevados na administração local. Foi este senhor que adquiriu o Palácio dos Menezes (Casa do Barata), no qual viveu como nobre embora fosse penas um abastado plebeu. Casou com uma senhora elvense muito mais nova, que foi sua herdeira universal.
Esta senhora casou depois, em segundas núpcias, com Cristóvão Cardoso de Albuquerque Barata, oriundo de Paredes de Coura, sargento de brigadas que serviu na guarnição de Elvas e, depois, na de Campo Maior.
Foi durante muito tempo chefe do Partido Progressista, sucessivamente investido no cargo de Administrador do Concelho.
Devido à sua ccção em defesa do concelho de Campo Maior, ameaçado de extinção, em 1868, viu o seu nome dado ao largo onde se situava o palácio de sua residência e, "devido à sua benevolência com os mais humildes", veio a ser agraciado como Comendador da Ordem de Cristo. Seu filho, Cristóvão Cardoso Cabral Coutinho de Albuquerque Barata que fez carreira na magistratura atingindo o cargo de Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, foi agraciado com o título de Visconde de Olivã.
A estes seus últimos proprietários, se deve a restauração e a conservação do palácio nos finais do século XIX e primeira metade do século XX.



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