A população de coelhos existente no Alentejo, à semelhança do que acontece no resto da Europa, tem sido afectada pela Doença Hemorrágica Viral (DHV).
Visando o controlo da doença, foi recentemente iniciado no país um Plano de Acção para a DHV, assente nos eixos da Investigação, Gestão e Vigilância Sanitária, ao qual o Governo atribuiu no presente mês uma verba de 500 mil euros.
José Lopes Bernardino, Presidente da Federação Alentejana de Caçadores (FAC), em declarações à Rádio Campanário, explica que a DHV “é uma doença de carácter viral, impossível de erradicar”.
“Há cerca de 5 ou 6 anos”, o vírus responsável pela transmissão da doença “sofreu uma mutação”, que aumentou a sua agressividade A doença, explica, é muito difícil de controlar devido à sua constante mutação e à sua agressividade.
O plano nacional existente, visa “o desenvolvimento de uma vacina que seja inocula e ajustável à evolução do vírus”, considerando que actualmente parte da problemática se prende com o facto de os efeitos das vacinas serem muito curtos no tempo, com duração aproximada de 6 meses.
“A produção de anticorpos não tem uma permanência no organismo que faça a vacina muito viável”, afirma.
Questionado sofre a afectação da restante fauna, o Presidente da FAC afirma que “existe alguma sensibilidade da lebre ao vírus da hemorrágica viral”, mas este “tem efeitos muito mais devastadores no coelho”.
Relativamente aos predadores naturais, declara não serem conhecidos nenhuns efeitos da ingestão de cadáveres, que “são frequentemente consumidos por outras espécies”.
A doença pode ainda afectar a fauna no sentido em que, ao diminuir ou desaparecer a espécie, “existe sempre algum risco de aumentar a pressão sobre a outras” espécies.
Existem muitos caçadores que se dedicam exclusivamente à caça do coelho, sendo este, “até há algum tempo atrás”, “a espécie mais abatida”. Desta forma, a DHV “tem tido um impacto extremamente negativo no sector da caça”.
Não considerando que se verifique uma diminuição da procura da actividade da caça ao coelho, por receio da DHV, o Presidente da FAC afirma que esta diminui sim, numa tentativa de “ajudar a preservar os exemplares presentes” em determinadas zonas de caça.
A caça tem um papel importante no conhecimento e proximidade com as espécies, afirma, uma vez que sem ela, “a sociedade muito virada para os grandes centros, perde completamente e rapidamente o controlo sobre o que se passa na natureza”.
Sobre a possível erradicação da espécie, José Lopes Bernardino, afirma que “o coelho corre riscos”, não considerando que chegue a esse extremo. Sendo uma espécie com resiliência demonstrada ao longo da história, corre sim o risco, de “perder o papel que tem na natureza”, nomeadamente a sua importância para os predadores e para a actividade da caça.
A preservação da espécie, defende, tem que ser “um projecto nacional, e mesmo europeu”, integrando “todas as entidades envolvidas”.
Sem comentários:
Enviar um comentário