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Poetisa Rosa Dias homenageada na sua terra natal

Foto: Joaquim Candeias
A poetisa popular Rosa Dias, foi homenageada na sua terra natal, Campo Maior, numa cerimónia que teve lugar hoje, dia 9 de Novembro, pelas 15 horas, no Centro Cultural da vila.
A homenagem à poetisa campomaiorense estava integrada nos XII Jogos Florais, organizados pela Associação Alma Alentejana, que culminaram em Campo Maior com a entrega dos prémios, e a homenagem a Rosa Guerreiro Dias que era a patrona desta edição dos Jogos Florais. Para além da Associação fundada por Alentejanos na Margem Sul do Tejo em 1996, juntaram-se a esta homenagem o Município de Campo Maior, a Delta cafés e o Município de Almada.
Depois da entrega dos prémios  dos XII Jogos Florais, que se dividiam em quatro categorias, Poesia Livre, Quadra, Conto e Poesia sujeita a Mote, teve lugar o momento mas aguardado da tarde. João Manuel Nabeiro, em representação da Delta Cafés, José Moutela, presidente da Alma Alentejana, Luis Palma, presidente da Junta de Freguesia do Laranjeiro e Feijó, em representação do Município de Almada, e Ricardo Pinheiro, presidente do Município de Campo Maior dirigiram algumas palavras à poetisa Rosa Guerreiro Dias, evidenciando e elogiando o seu carácter, a sua alma e a sua arte de poeta popular, como referiu Luís Palma "uma pessoa a três dimensões: mulher, alentejana e poetisa". Campomaiorense de gema, Rosa Dias ouviu o presidente da Câmara da sua terra natal agradecer-lhe "a forma como sempre tem transportado, defendido e divulgado o espírito e alma dos campomaiorenses para além do concelho, através das suas obras".
Visivelmente emocionada, Rosa Dias agradeceu a homenagem que diz "nunca ter pensado que acontecesse" e, no seu peculiar jeito poético referiu que "felicidade é o estado de estar feliz, e é esse o estado em que me encontro". Dedicando esta homenagem ao seu pai, Rosa Dias fez questão de mostrar a gratidão pelo facto de a sua terra lhe ter aberto os braços neste dia em que foi homenageada.
Depois da cerimónia, o programa continuou com momentos musicais com a actuação do Grupo de Cantares Despertar Alentejano, Grupo de Cantares Vozes da nossa Terra, Grupo de Cavaquinhos da Alma Alentejana, Orquestra da Escola de Viola Campaniça e Francisco Naia com José Carita e Ricardo Fonseca.


Sobre Rosa Dias - Em toda a sua obra publicada e (inédita), Rosa Dias realiza uma Etnografia da Memória, que a Poesia enriquece, num jogo de apuro, com as palavras, que são paleta e objectiva, recolhendo elementos para quadros, que atravessam a fronteira dos sentidos, transportando o leitor até paisagens de amplos horizontes, onde o verso tem escala humana. Na sua poesia emerge a génese alentejana e camponesa, o património imaterial, que consubstancia as Festas do Povo, as profissões laboriosas das gentes do campo, as tradições marcantes, o saber-fazer identitário dos mestres, a linguagem pródiga em regionalismos, o colorido de um humor distinto, que apenas os alentejanos sabem fluir. Há na dimensão dos seus retratos, das suas telas rimadas, o fulgor de páginas de escritores, como o Silva Picão, de "Através dos Campos" ou o João Mário Caldeira de "Margem esquerda do Guadiana, As gentes, A Terra, Os Bichos". Rosa Dias recorre, qual antropólogo, à observação-participante, para descrever vivências, interacções, modos de ser e de fazer, e até para registar que certos rituais pertencem ao passado, pois "o mundo está em mudança, hoje a vida tem outro fado".
Luís Maçarico

Veja aqui as fotos da cerimónia (Joaquim Candeias)



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