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Os Grous: Ouguela, no concelho de Campo Maior, representa uma das mais importantes áreas de invernada desta ave de grande porte em Portugal


O grou (Grus grus) é uma ave pernalta que atinge 1m de comprimento e 2,20m de envergadura de asas. Nidifica no norte da Europa e desloca-se em bandos para sul, durante o inverno, para se estabelecer em grupos numerosos, junto de lagos e campos abertos.
A zona fronteiriça de Ouguela, no concelho de Campo Maior, representa uma das mais importantes áreas de invernada desta ave em Portugal.
Aqui, onde a paisagem é plana e aberta, com montados de azinho de densidade intermédia e com pastagens naturais, centenas de grous (adultos e imaturos) encontram o local ideal para descansar e procurar alimento (sobretudo bolotas) e assim passarem um inverno ameno e seguro.
Os bandos de grous em voo para o seu dormitório são um dos espectáculos mais extraordinários que é possível observar nesta região durante o Inverno. Nesta reportagem publicamos várias fotos, de vários fotógrafos que seguiram esta ave na região de Campo Maior.



OS GROUS
Grande ave, do tamanho de uma cegonha-branca. Caracteriza-se pela plumagem cinzenta, destacando-se o enorme tufo de penas sobre a cauda. O padrão da cabeça é preto, branco e com uma pequena mancha vermelha. Em voo destaca-se o enorme pescoço, que é mantido esticado.
O grou é uma espécie invernante, que pode ser observada principalmente entre Novembro e Fevereiro. Com uma população invernante de cerca de 2000 indivíduos, não pode ser considerado raro, contudo a sua distribuição muito fragmentada e localizada faz com que a sua abundância varie fortemente: localmente pode ser comum e chegam a ser vistos bandos com muitas centenas de indivíduos, mas na maior parte do país é muito raro.



CENSOS DOS GROUS
No passado mês de Dezembro de 2016 realizou-se na zona de Campo Maior, pelo terceiro ano consecutivo, o censo anual de Grous levado a efeito pela SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, com o apoio do GEDA – Grupo de Ecologia e Desportos de Aventura, de Campo Maior. Nas contagens efectuadas ao final da tarde, momento em que os bandos destas aves se deslocam das zonas de alimentação para os dormitórios, foi possível neste dia contar cerca de 950 indivíduos desta espécie. O trabalho de campo envolveu a contagem simultânea de Grous em várias zonas do Alentejo (e.g. Campo Maior, Mourão, Évora), já conhecidas como zonas de invernada destas aves no nosso país. Este processo estatístico, desconhecido da população em geral, é deveras importante para o conhecimento e conservação do Grou Comum, pois trata-se de espécie migratória protegida. Esta viaja desde os países escandinavos onde se reproduz na época estival, escolhendo o nosso Alentejo para a sua invernada, pelo clima ameno e existência de alimento, revelando também a sua presença a elevada qualidade ambiental do nosso território.
É importante despertar as mentalidades e politicas para a defesa e valorização das espécies da avifauna que ocorrem na nossa região, como um importante recurso turístico de Bird watching, num território que se afirma cada vez mais destino turístico de excelência, e que atesta a qualidade dos ecossistemas e a sua extensa biodiversidade. De realçar a existência das figuras de protecção e reconhecimento ambiental, como a IBA – Important Bird Area do Caia, os Sítios de Importância Comunitária do Caia e de São Mamede, e as Zonas de Protecção Especial de Campo Maior, Vila Fernando e Torre de Bolsa, não um constrangimento mas uma oportunidade, de legado ao futuro naquela que é uma das zonas da Europa melhor conservadas e de maior biodiversidade.



PERCURSO DOS GROUS
É um percurso linear que se desenvolve quase encostado à linha de fronteira, num dos pontos mais a este do território português, este percurso tem o seu início junto à igreja (séc. XVIII) do Santuário de N. Sr.ª da Enxara, já na margem esquerda do Rio Xévora, em Ouguela, Campo Maior.
Desenvolve-se ao longo de uma extensa área de montado pouco denso, em terreno praticamente plano. Esta rara configuração provoca, nos períodos do ano mais pluviosos, que as incipientes linhas de água temporárias criem situações de encharcamento dos solos por dificuldade de drenagem. O percurso desenvolve-se ao longo de um estradão em terra batida, mas, para facilitar a observação de aves, está dotado de um observatório. De facto, é um percurso essencialmente dirigido para o birdwatching, actividade para a qual a época do ano, o equipamento, a discrição e o silêncio são fatores determinantes para o sucesso de qualquer sessão de observação. É um dos poucos locais no país especialmente indicado para, entre Novembro e Fevereiro, observar grous, uma espécie invernante que se alimenta em áreas de montado aberto e plano.



Informação mais detalhada sobre o Percurso dos grous no seguinte link:
- http://geda.pt/wp-content/uploads/2016/11/folheto-pr2-Percurso-dos-Grous.pdf

Vídeos da passagem dos Grous na zona de Ouguela, em Campo Maior






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