Menus Paginas

Bombeiros de Campo Maior regressaram ontem do cenário de combate às chamas no norte do país

Cinco elementos dos Bombeiros Voluntários de Campo Maior regressaram ontem do combate às chamas em Arcos de Valdevez, onde estiveram durante dois dias e duas noites, com poucas horas de descanso.
Bruno Cupido, bombeiro há seis anos, foi pela primeira vez destacado para ir reforçar a equipa para fora do distrito e garante: “é totalmente diferente dos nossos lados, muda totalmente a forma de trabalhar e de pensar de uma pessoa, mas naquele momento é só mesmo esquecer tudo e trabalhar, ajudar o máximo que pudermos”.
“A população preocupava-se muito connosco, em entregar água, não nos deixavam para trás e foi bastante marcante. Quanto ao descanso, os minutos eram escassos mas foram bastante preciosos, uns descansavam no chão, outros em cima de carros, onde conseguissem”, recorda.
O pior era a falta de descanso: “a certa altura os nossos pés começam a dar de si e uma pessoas só quer tirar tudo e descansar. Quando tiver que ir novamente o receio já é diferente mas continua o mesmo”.
Igor Santos fala-nos acerca da experiência que teve: “ia com um pouco de receio, era a primeira vez, mas com espírito de equipa, não correu mal, correu tudo bem. Quando lá chegamos só queremos ajudar a população, vemos a aflição do fogo chegar perto das casas e nós nesses momentos sentimo-nos com coragem e vamos até onde for preciso para ajudar”.
“O que mais me impressionou foi mesmo a aflição das pessoas e a ajuda da população, houve até um momento em que me veio uma lágrima ao olho, com as pessoas a baterem palmas e a pedirem ajuda, pagavam tudo quando chegávamos a um café… são coisas que ficam na memória de cada um até ao resto da vida”, recorda Igor.
António da Conceição já é bombeiro desde 1998 e refere: “o acolhimento que nós recebemos da população lá em cima é muito bom, as pessoas enormes, do ponto de nós andarmos a combater e andarem atrás de nós a levar bifanas quentes, acabadas de fazer, isso para nós enche-nos o coração. As situações piores ficam todas lá, para cá só vem o bom”.
O comandante da corporação de Campo Maior, Miguel Carvalho, também esteve no combate às chamas: “eu estive em Barcelos, Vieira do Minho e Fafe e fui rendido depois de três noites e dois dias, também chegamos a um ponto em que a exaustão toma conta de nós e temos que ser trocados para quem tem a capacidade de liderança e decisão e a cabeça fresca poder tomá-las e levar a situação a melhor porto. As dificuldades que encontrámos foram sem dúvida a tipografia do terreno, as condições climatéricas… Há pessoas que ficam sem nada, há relatos de quem fica apenas com a roupa que tem no corpo”.
Nos bombeiros de Campo Maior seguem equipas de cinco que se vão rendendo: “nós temos grupos de cinco e em cada 48/54 horas vamos trocando. O veículo está lá há uma semana e eles vão trocando, portanto é só deslocar malta fresca para cima, o carro fica lá e continua-se o trabalho”.
“Quero deixar um grande elogio a todos os bombeiros do distrito de Portalegre, porque o feedback dos meus colegas comandantes e segundos-comandantes é que o empenhamento do pessoal é fortíssimo e não se vira a cara à luta”, refere ainda.

Sem comentários: