O MAJOR TALAYA - COMANDANTE DA PRAÇA DE CAMPO MAIOR DURANTE O CERCO DE 1811, por Francisco Galego


José Joaquim Talaya, nascido em Lisboa, na Freguesia da Ajuda, em 16 de Dezembro de 1757, pertencia a uma família de militares, muito prestigiada nas várias academias que, nesse tempo, constituíam os centros culturais e de convívio dos mais ilustrados.
Tendo já obtido a promoção em capitão, ligou-se pelo casamento a outra família de militares, a dos Silva Villar, casando, em 31 de Janeiro de 1799, com D. Rosa Clara Maria, filha legítima de um capitão e irmã de oficiais que se distinguiram como soldados das forças liberalistas, tal como os quatro filhos resultantes desse casamento, que também adoptaram a luta pela implantação e defesa do Liberalismo.
Tendo iniciado a sua carreia militar como oficial de infantaria, Talaya passou, depois dos estudos necessários, para a especialidade de engenheiraria militar.
Nomeado administrador da Real Fábrica da Pólvora em Barcarena, cargo que desempenhou durante alguns anos, em 29 de Abril de 1793 foi distinguido com a Ordem de S. Bento de Aviz, pela “distinção, zelo, honra, aplicação e actividade” com que desempenhou as suas funções.
Em 21 de Junho de 1800 foi promovido a sargento-mor.
Dez anos depois, o Major Talaya iria distinguir-se como comandante militar, numa situação muito difícil, como comandante militar da praça-de-guerra de Campo Maior.
Os antecedentes:
Devido à recusa de Portugal romper a sua aliança com os ingleses, em 28 de Fevereiro de 1801, a Espanha e a França declararam guerra a Portugal. As hostilidades começaram com a invasão do Alto Alentejo. As praças de guerra estavam muito pouco preparadas para a iminência do ataque.
A praça-de-guerra de Campo Maior sofrera um cerco em 1801. O exército português tinha-se estrategicamente retirado para lá do Tejo. Não havia, portanto, qualquer possibilidade de a praça ser socorrida.  Como quase todas as outras, esta praça de guerra dispunha de uma guarnição muito reduzida e estava muito mal armada. Tinha, interinamente, como comandante, o coronel de engenheiros Matias José Dias Azedo, que aí fora colocado para reparação das fortificações. No Alto Alentejo, só Elvas não foi ocupada.
Sabia-se que estava em Badajoz, numa delegação negociando a paz, estava um ministro português. 
Foi negociado o Tratado de Badajozassinado em 6 de Junho de 1801. Mas as tropas espanholas só abandonaram a praça de guerra de Campo Maior, no dia 22 de Novembro de 1801. Devido aos bombardeamentos e à acção dos soldados, franceses e espanhóis que a ocuparam quase meio ano, tanto a vila, como as estruturas da sua fortaleza, sofreram forte destruição.

Em 1810, o engenheiro militar Talaya, foi enviado para Campo Maior por William Beresford que organizara e comandava o exército portiguês, com o encargo de proceder à reparação das fortificações, fazendo executar os projectos elaborados pelo engenheiro militar Matias José Dias Azedo, seu antecessor, bem como outras obras que entendesse necessárias para colocar a praça em melhores condições de resistência.
Por essa altura, tendo falecido o governador da praça, o sargento-mor Talaya, teve de assumir o cargo de governador, à semelhança do que ocorrera com Dias Azedo, em 1801.
No início de 1811, começou a 3ª invasão francesa comandada por Massena.
Em 11 de Março de 1811, tropas francesas, comandadas por Soult, tomaram Badajoz. Soult deu indicações a Mortier para que tomasse Campo Maior.
Esta praça, além de uma guarnição muito escassa e com fraca preparação militar, estava muito mal provida de munições, pois tinha sido despojada após a sua rendição no cerco de 1801.
 ---------------------------------------------------------------------------------------
Texto elaborado com “notas de leitura” das seguintes obras:
- Cláudio de Chaby - EXCERTOS HISTORICOS E COLLECÇÃO DE DOCUMENTOS RELATIVOS À GUERRA DENOMINADA DA PENÍNSULA E ÀS ANTERIORES DE 1801 E DO ROUSSILLON E CATALUNHA. Imprensa Nacional, 1863.
- O CÊRCO DE CAMPO MAIOR EM 1811- Comissão do 1º Centenário da Guerra Peninsular 1811-1911Lisboa, Imprensa Nacional, 1911.
- Luís Couceiro da Costa - MEMÓRIAS MILITARES DE CAMPO MAIOR. Editor – António Torres de Carvalho, Elvas, 1912.
UMA CELEBRAÇÃO MAIOR EM CAMPO MAIOR – O CERCO DE 1811. Campo Maior, 2011. Elab. por Francisco Pereira Galego. Ed. Município de Campo Maior, 26 de Março de 2011.
- Francisco Pereira Galego - CAMPO MAIOR NA OBRA DE JOÃO DUBRAZ - VOL. I - MEMÓRIAS HISTÓRICAS DE CAMPO MAIOR – Ed. Município de Campo Maior, 2017.

Francisco Galego

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: O Campomaiornews activou a moderação e reserva-se ao direito de apagar os comentários abusivos e com linguagem inadequada. São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
Os comentários devem ser usados para esclarecer outros leitores sobre a actualidade ou criticar a abordagem noticiosa, recorrendo à linguagem clara e concisa. Os comentários publicados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores que, para tal se devem identificar com o nome verdadeiro.