Opinião: O CERCO DE 1811, por Francisco Galego


Um breve resumo dos principais acontecimentos:
- 9 de Março - Foi posto cerco a Campo Maior: o exército sitiante era composto por 4 a 5 mil homens;
- O MajorTalaya dispunha de menos de 500 homens armados: 300 ordenanças, mas só 110 armados; 230 milicianos de Portalegre;
- Talaya sabia que Beresford [1] estava a caminho para socorrer Campo Maior;
- Resistiu duas semanas; os milicianos de Portalegre recusaram continuar a luta;
- Só havia pólvora para mais um dia; o Major Talaya procurou ganhar tempo;
 - A 20 de Março, foi negociada a rendição: se até ao dia 22 não fosse socorrida, a praça render-se-ia.
 - Os franceses entram na Praça no dia 24. Mas retiraram no dia 25, com a chegada de Bersford.
 - Ouguela rendera-se dois dias antes.
  -Tinham disparado contra a vila 10 mil projécteis de artilharia.         
 - Parte das munições eram portuguesas: tinham sido trazidas pelos franceses de Olivença.
 - No Alentejo, só Elvas não foi ocupada.
  
A defesa de Campo Maior em 1811 tomou proporções de excepcional heroísmo, pois que, estando a praça quase desmantelada, pessimamente artilhada e fracamente guarnecida, resistiu durante dez dias a um sítio vigoroso dos franceses, só se rendendo com todas as honras de guerra e saíndo a sua guarnição pela brecha feita no baluarte da Fonte do Concelho.[2]
Quando a divisão francesa do exército de Soult, comandada pelo general Girard, viu sair aquela guarnição, ficou espantosamente assombrado, pois que, o seu heróico comendante, o major de engenharia Talaya, apenas era seguido por pouco mais de 30 homens de tropa regular, praças do regimento nº 3 de artilharia, sendo os restantes milicias e ordenanças mal armados, num total que não excederia os 300 homens, na sua maioria feridos e extenuados.
A defesa de Campo Maior foi um dos factos mais honrosos da chamada Guerra Peninsular, sendo para a vila um padrão de eterna glória. Todos os homens válidos lutaram contra os sitiantes e até algumas mulheres cooperaram na peleja.
As condições de rendição foram as mais honrosas possíveis e o general francês, prestou ao governador, o destemido major Talaya, as máximas distinções. Não menores, nem menos honrosas foram as que Bersford lhe rendeu, no seu relatório sobre a defesa de Campo Maior.
À vila, que tão portuguesa e heróica se mostrara, foi-lhe, por decreto, concedida a denominação de “Lealdade e Valor - Leal e Valorosa Vila de Campo Maior” que ostenta no seu escudo.
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Este texto foi elaborado com base no artigo publicado pelo jornal O Distrito de Portalegre , no seu nº 1848, de 19 de Março de 1911, quando se comemorava o centenário deste grande feito da praça d’armas de Campo Maior. No castelo foi colocada uma lápide que assinala esse notável acontecimento.
Para maior desenvolvimento, recorrer a:
. - "O Cerco de Campo Maior em 1811", Publicado pela Comissão do Centenário da Guerra Peninsular, Lisboa,Imprensa Nacional , 1911
   - II  Centenário da Guerra Peninsular - Uma Celebração Maior em Campo Maior - o Cerco de 1811, Publicado pela Câmara Municipal de Campo Maior, 26 de Março de 2011.
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[2[1] ]General britânico, enviado pelos aliados ingleses para, como marechal do exército português, organizar a defesa contra as tropas napoleónicas. Recebeu depois o título de Marquês de Campo Maior.
   [2] Devido a isso, este baluarte passou a ser designado por "Baluarte da Brecha". Ainda hoje se pode localizar a brecha aberta pela artilharia francesa, pois que, a face voltada para o campo da feira, mostra sinais dessa abertura.

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