A ERMIDA DE S. SEBASTIÃO
Aires Varela, cónego da sé de Élvas e vigário geral do seu bispado, no documento “Sucessos que houve nas fronteiras de Elvas, Campo Maior e Ouguela”, no primeiro ano da Recuperação[1] de Portugal que começou no 1º de Dezembro de 1640 e findou no último de Novembro de 1641”, escreveu:
Campo Maior, lugar de mil e duzentos vizinhos; tem o castelo e a vila velha, que é cousa pouca, situados em uma eminência superior a todo aquele território, bastante murado; mas a vila nova, que é corpo da povoação, está em plano aberto e sem defesa alguma.
O monte de S. Sebastião, que toma o nome de uma ermida deste santo nele fundada, fica a cavaleiro[2] da vila nova. Este lugar faz rosto[3] a Badajoz e Vilar del Rei, com cujos termos parte[4]ora por marcos ora pelo rio Xévora.
(...) Foi Matias de Albuquerque a esta vila; pareceram-lhe bem as trincheiras obradas[5]: ordenou no monte de S. Sebastião um valente baluarte que os daquela vila conseguiram com grande trabalho e gasto.
Esta notícia faz referência a uma das mais antigas ermidas da vila de Campo Maior. Na época referida no documento, o seu edifício original terá, provavelmente, sido substituido pelo que chegou até aos nossos dias e que está agora em processo de recuperação.
Foi nesta época e para preparar a defesa do país para a guerra que a Espanha ia iniciar para tentar recuperar o domínio sobre Portugal, que Campo Maior foi dotado de uma fortaleza que a tornou uma das mais importantes praças de guerra para defesa das nossas fronteiras.
Tendo S. Sebastião, pertencido ao exército romano, tornou-se um simbolo de referência para os miliatres. Daí a ermida se ter tornado capela militar, desde meados do séc. XVII até à desativação da praça de guerra, em meados do séc. XIX. A partir daí, foi votada a um abandono que chegou causar a sua quase total destruição como ainda hoje podemos testemunhar.
[1] Restauração da Independência
[2] Acima de
[3] Tem defronte
[4] Confina, faz fronteira
[5] Construídas
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: O Campomaiornews activou a moderação e reserva-se ao direito de apagar os comentários abusivos e com linguagem inadequada. São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
Os comentários devem ser usados para esclarecer outros leitores sobre a actualidade ou criticar a abordagem noticiosa, recorrendo à linguagem clara e concisa. Os comentários publicados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores que, para tal se devem identificar com o nome verdadeiro.