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Opinião: A REVOLUÇÃO DE CAMPO MAIOR DE 2 DE JULHO DE 1808, por Francisco Galego


Partindo de Albuquerque e guiado por Luís Xara as tropas espanholas designadas para virem ajudar Campo Maior e que consistiam num batalhão de cerca de 700 voluntários de Valença a que se juntou no dia seguinte um esquadrão do Regimento de Maria Luísa. Chegaram à Porta de São Pedro na madrugada de 2 de Julho de 1808, comandas por Nicolau Moreno de Monroy tendo-lhe sido franqueado o acesso à vila. Foram presos os responsáveis militares da vila. Quando o povo se começou a aperceber do que se estava a passar, começaram a surgir manifestações de apoio de uns e desagrado de outros, conforme era a sua afeição.
O comandante das tropas espanholas fez uma proclamação ao povo de Campo Maior.
Foi constituída uma Junta do Governo Provisional de Campo Maior.
Cesário quis entregar as chaves da Praça ao Coronel Diogo Pereira da Gama, do extinto Regimento Nº 20, mas este não as quis aceitar e daí resultou que Moreno se apoderou do comando militar da Vila. Este instalou o seu quartel general nas casas de D. José Carvajal.
A 4 de Julho procedeu-se à aclamação solene de Sua Alteza Real, o principie D. João (1). Foi rezada missa, tendo-se procedido à bênção das bandeiras de Espanha e de Portugal. O padre João Mariano do Carmo Fonseca foi encarregado de proferir a exortação antes da missa e do juramento de bandeiras, feito pelos militares portugueses e espanhóis, pelo senado da Câmara, pelo clero secular e regular e por todo o povo (velhos, novos e crianças). Depois foram as bandeiras levadas em procissão até ao castelo, onde, entre fogos de canhão e de mosquete, foram arvoradas em sinal de união. Ficando ali expostas lado a lado.
O dia terminou com uma noite de iluminações que se renovou nas duas seguintes, com grande satisfação e geral aplauso.
A situação era perigosa pois a vila estava desarmada, a praça com duas brechas (2), os armazéns sem munições e o inimigo fortemente armado e estacionado em Elvas.
Para tratar dos assuntos de interesse público no imediato, realizou-se no dia 5 de Julho um congresso geral das três ordens ( Clero, Nobreza e Povo) e da oficialidade espanhola, nas casas de D. José Carvajal do qual saiu a decisão de se constituir a uma Junta de Governo.
Mas, Nicolau Moreno que ainda era o ídolo da gente do povo de Campo Maior, não parecia muito interessado em largar o governo.
Cesário tratou de congregar os notáveis da terra para que promovessem a criação da Junta que veio a tomar posse a 8 de Julho.
Com o auxílio enviado por Badajoz, pôde a Junta de Campo  organizar a defesa da Praça, começando por convocar antigos oficiais e militares para a reconstituição de uma guarnição militar.
D. José Carvajal foi encarregado de organizar um corpo de cavalaria e muito bem desempenhou este encargo.
Com o auxílio enviado por Badajoz, pôde a Junta de Campo Maior começar a organizar a defesa da Praça, começando por convocar antigos oficiais e militares para a reconstituição de uma guarnição militar.

(In, João Mariano de Nª Sr.ª do Carmo Fonseca. In, Memória histórica da Junta de Campo-Maior ou História da revolução desta leal e valorosa villa, (Ed. António José de Torres de Carvalho, Elvas, 1912.  
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(1) Futuro rei D. João VI, então refugiado coma a família real no Brasil, governando em nome de sua mãe, a rainha D. Maria II, afastada dos assuntos do Reino, por alienação mental.
(2) As brechas eram:  no baluarte de São Sebastião, de 22 Varas de comprimento e de tão fácil acesso que até bestas com carga por ela entravam;  a outra, na cortina de Santa Rosa, mais pequena e só a homens acessível. A reparação destas brechas começou a ser feita por Nicolau Moreno e foi acabada pela Junta Provisional.

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