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Opinião: AS INVASÕES FRANCESAS SUAS IMPLICAÇÕES EM CAMPO MAIOR, por Francisco Galego

Placa comemorativa do I Centenário da Guerra Peninsular, na qual se evoca a valentia das gentes de Campo Maior, resistindo aos franceses.

Em 1807 entraram os franceses em Portugal…
No dia 1 de Dezembro de 1807, tinha entrado nesta Vila o regimento de Guardas Walonas e um batalhão do Regimento de Córdova, que saíram no dia seguinte.
No dia 11 do mesmo mês, entrou na vila o Regimento de Múrcia, que no dia 13, continuou a sua marcha.
No dia 8 de Janeiro de 1808, um batalhão dos Granadeiros Provinciais de Castela e, no dia seguinte, mais um batalhão do mesmo corpo, ficaram a fazer a guarnição da Praça, que só evacuaram em 16 de Março.
 O comando espanhol tinha determinado que esta guarnição fosse sustentada à custa do povo, mas o Juiz de Fora conseguiu livrá-lo desta obrigação, vindo a mesma a ser assegurada pela Administração de Badajoz.
Um sargento-mor da Praça procurou revoltar o povo contra a frouxidão do governo português que tinha abandonado o Reino deixando-o em tão penosa situação. Mas o povo preferiu cumprir as ordens deixadas pelo príncipe regente (1) e nada faltou ao fornecimento das tropas, sendo em parte providas pelo “Assento militar das provisões de boca” e, em parte, pelas pessoas particulares às quais eram passados escritos de dívida, que nunca vieram a ser pagos.
Campo Maior pode, contudo, considerar-se um dos Povos menos vexados pelos franceses.
O comando francês teve por mais acertado abandonar a Praça de Campo Maior. Em consequência deste abandono, os seus armazéns foram espoliados de toda a pólvora, munições e apetrechos de guerra, as armas dos particulares foram guardadas em depósito. O Regimento Nº 20 que constituía a sua guarnição, foi desorganizado e extinto e uma parte dele foi mandada para França. Esta extinção foi declarada no dia 14 de Maio de 1808.
Os arquivos, espingardas e mais utensílios militares foram mandados para Elvas.
Igual espoliação se verificou quanto ao Hospital Real Militar e ao Assento. Mas a povoação foi deixada em paz. À excepção de um Regimento de Suíços que entrou nesta Praça no dia 12 de Março e saiu no dia 13, não mais se viu tropa francesa, o que não foi pequena fortuna.
(João Mariano, p. 38 a 46)
Napoleão julgou os portugueses subjugados porque os viu sofridos. E contou achar na Espanha igual moderação…
Quase sem saberem um do outro, os dois povos entraram em efervescência e se inflamaram.
Campo Maior teve como incentivo os sucessos de Badajoz de 30 de Maio.
Francisco Cesário Rodrigues Moacho, boticário, Luís José Xara, sem outra ocupação para além de um pequeno tráfico contingente (2), ambos de condição humilde e medíocre fortuna, resolveram aproveitar a oportunidade da ocasião para restituir à sua Pátria a liberdade perdida.
 Francisco Pedro Xavier da Costa, que antes da desactivação da Praça era secretário do extinto Regimento Nº 20, da guarnição de Campo Maior, sabendo que antigos militares estavam dispostos a passar a Espanha para assegurarem a sua subsistência combatendo ao lado dos espanhóis contra os franceses, resolveu ir com Cesário de jornada até Badajoz, em 8 de Junho. O primeiro procurava serviço como militar. O segundo procurou o comissário do Governo Supremo de Sevilha para lhe expôr um plano que foi atendido com interesse sendo-lhe prometido que uma decisão seria tomada no prazo de oito dias.
À conspiração associou-se em Campo Maior, o mercador Manuel António Gonçalves Niza que pôs a sua casa á disposição para nela se reunirem.
Assim se deu começo ao processo que se veio a desenvolver em Campo Maior que, desde o início, teve a concordância e o apoio do General Galluzo que assegurava as ligações à Junta de Badajoz.

(In, João Mariano de Nª Sr.ª do Carmo Fonseca. In, Memória histórica da Junta de Campo-Maior ou História da revolução desta leal e valorosa villa, (Ed. António José de Torres de Carvalho, Elvas, 1912.    
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(1) Depois coroado como D. João VI, que tinha embarcado para o Brasil, a fim de evitar ser aprisionado pelos franceses que o forçariam a abdicar da coroa, perdendo-se assim, a independência de Portugal.
(2) Era então assim designado o contrabando.

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