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Editorial - E se os vizinhos espanhóis recebessem um apelo semelhante dos seus governantes?

EDITORIAL

Imagem: Junta da Andaluzia
O Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, apelou aos portugueses para que não abasteçam os seus veículos em Espanha, de modo a não deixar no país vizinho os impostos que poderão pagar em Portugal (ver aqui notícia). Isto depois do governo, por opção de política económica, ter optado por aumentar os impostos sobre os produtos petrolíferos.
Resistindo à tentação de utilizar outros adjectivos, apenas direi que estas declarações são, no mínimo, desadequadas, desajustadas, descabidas, desenquadradas e, continuando com a letra “d”, parecem ser proferidas por alguém que revela “desconhecimento” da verdadeira realidade económica das regiões fronteiriças.
Não são apenas os preços dos produtos petrolíferos que unem, nas zonas de fronteira, os povos dos dois países. Existe um quotidiano, para não evocar o passado, muito mais profundo nesta relação. Para além das trocas comerciais, a interligação cultural e afectiva tem feito com que as zonas fronteiriças se unam, num esforço conjunto, na procura de um desenvolvimento que se deseja comum, num espaço que agora é comum.
E se os nossos vizinhos espanhóis, assim de repente, recebessem um apelo, de um dos seus governantes, para, em nome dos impostos do seu país, não fazerem turismo em Portugal, não virem degustar a gastronomia portuguesa, para, entre outras muitas coisas, não virem visitar e apreciar o património único deste lado da fronteira?
Já imaginaram?
Como cidadão de uma região fronteiriça, tenho a sorte de viver junto a uma cidade do país vizinho, Badajoz, que me oferece (para além da gasolina mais barata) muitas outras coisas que o meu país não tem conseguido proporcionar. Lá continuarei, como muitos outros, a atestar a viatura e a fazer as compras que compensam (e são muitas).
E assim continuará a ser até que, deste lado da fronteira, aqueles que nos governam, em vez de proferirem este tipo de afirmações descabidas, desenvolvam políticas que combatam estas desigualdades, que promovam o desenvolvimento e discriminem positivamente as regiões do interior.
Joaquim Folgado

2 comentários:

JL disse...

Bravo Joaquim, de igual forma nosotros pacenses seguiremos yendo a Portugal a visitarla, a comer allí, a comprar, ... igual que siempre. Lo que hace falta es potenciar el hermanamiento entre los dos lados de la Raya, el intercambio comercial y cultural y las relaciones empresariales, en vez de llamamientos que van en el sentido contrario. Esperemos que el proyecto de la eurociudad Elvas-Badajoz-Campo Maior dé frutos.

Badajoz disse...

Parabéns pelo seu articulo Senhor Folgado. Disculpa o meu português, sou un vizinho da cidade de Badajoz e só falo o dialecto da Raia. Só quero dizer que a relação entre os dois povos è cada dia melhor. Como ciudadano de Badajoz e como espanhol, tenho muito orgulho de morar tão perto de un gran país e duma gran nação como Portugal. Nao só há uma relação de comércio mas também umas ligações culturais e pessoais muito fortes que ninguém podrá romper.
Los ciudadanos de Elvas no sólo vienen a comprar a Badajoz, vienen a pasear, a comer, a vivir... de la misma forma que los ciudadanos de Badajoz vamos a Portugal a comer, a pasear, a la playa, a vivir...
Espero que a Eurocidade Elvas-Badajoz-Campo Maior seja uma realidade muito pronto. ¡Un cordial saludo!