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EDITORIAL - A língua castelhana

Estou a assistir desde há algumas horas (desde ontem), ás várias transmissões em directo, pelas televisões portuguesas (com o habitual zaping pelo meio) do acontecimento do fim de semana: A final da Champions entre o Real Madrid e o Atlético de Madrid no Estádio da Luz em Lisboa.
Na verdade, Lisboa foi literalmente invadida pelos nossos vizinhos espanhóis, adeptos do Real e do Atlético. Isso é um facto, e toda a gente sabia que iria acontecer. A capital espanhola, por momentos, transferiu-se para Lisboa. E por isso mesmo, porque toda a gente sabia há já algum tempo, houve tempo para alguma preparação, a todos os níveis. Afinal somos os anfitriões.
No entanto, escrevo aqui este desabafo porque vejo que as televisões não se prepararam para este evento. Não falo dos meios técnicos, não falo da quantidade de locais que estão a ser acompanhados pelo grande número de jornalistas e repórteres, não escapa nenhum pormenor, não falo da programação, da edição, etc. Parabéns por tudo isso.
O que me leva a desabafar é a falta de preparação dos jornalistas em termos do domínio da língua espanhola, do castelhano. Salvo honrosas excepções, a grande maioria dos repórteres e dos jornalistas viram-se, em muitas ocasiões dos directos, confrontados com embaraçosas situações de não "perceber patavina" do que os seus entrevistados diziam. Assisti a entrevistas feitas em português aos adeptos espanhóis (que não percebiam nada), o que levou a algumas confusões nas respostas e nas respectivas traduções. Lamentável!
Repito, salvo honrosas excepções - e foram algumas -, os jornalistas e repórteres das televisões portuguesas deviam ter-se preparado para este acontecimento que está a ser difundido para todo o mundo. Tal como fez a PSP, que proporcionou formação específica aos seus agentes para enfrentar tamanho acontecimento, as televisões portuguesas deviam ter feito o mesmo: preparar os seus profissionais.
Não estamos numa situação de improviso, de acontecimentos imprevistos, perante os quais é preciso improvisar e "desenrascar" para informar. Antes pelo contrário, estamos perante um evento programado, previamente agendado e para o qual deveríamos (jornalistas) estar devidamente preparados.
Afinal estamos na Península Ibérica, temos um único país vizinho, que connosco faz fronteira, com ele temos parcerias, acordos, transações, negócios. Com ele beneficiamos de programas transfronteiriços, com ele constituímos (ou queremos constituir) eurocidades e euroregiões. E agora, num dia destes, num evento com a dimensão deste, não sabemos estar a altura. Assim vai o jornalismo por aqui.
É pena que tenha sido assim. Que nos perdoem os "nuestros hermanos". Fico triste por isso!

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